Carta ao meu pai
- Táb
- 15 de set. de 2016
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Quem controlou o tamanho das nossas saias a vida toda? Quem implicou com todos nossos paqueras, amores e possíveis namorados?
Quem ganhava um monte de multas no trânsito para que a gente não chegasse atrasada no colégio? Mesmo que a culpa pelo atraso fosse da maquiagem.
Quem nos ensinou que ficar horas em frente ao espelho não nos deixaria mais bonitas do que éramos.
Quem por opção ou convivência aprendeu nomes de esmaltes, tipos de absorventes e detalhes técnicos do mundo feminino?
Quem sacrificou finais de semana de toda uma vida para pagar as melhores escolas para quatro meninas? Quem teve ímpetos de fofura e braveza? Quem assumiu a responsabilidade de nos ensinar o que é o mundo.
Quem viajava mais de 4 horas todas as sextas-feiras para nos levar para as aulas de música?
Quem decidiu ser nosso colega de classe nas aulas de teatro? Se foi para nos incentivar ou pra ficar mais tempo com a gente... Ainda não sei.
Quem ao mesmo tempo consegue ser em tempo integral motorista, conselheiro, amigo, provedor, chef de cozinha, dançarino, capoeirista, colo, casa e ainda ter o abraço mais fofinho do mundo.
Desculpe se ainda não somos tudo aquilo que você sonhou. Desculpe se às vezes parece que não entendemos seus esforços. Desculpe se não percebemos que suas proibições são apenas sinais de cuidado. Desculpe se na correria da vida, seus sacrifícios parecem tão naturais.
Em mundo cheio de pais tão inconsequentes, ter um pai que é tudo isso é benção demais.
Obrigada por ser isso tudo. Por ser esse herói em tempo integral. Mas se você fosse apenas meu pai eu já te amaria incondicionalmente.
Obrigada por ser apenas Luiz. É tudo que precisamos, papai.
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