Me excluíram do Facebook. E agora?
- Táb
- 7 de set. de 2016
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Ontem um amigo me excluiu do Facebook. [Pausa para lágrima cair].
E mais: mandou inbox avisando o fato! No fundo, ele sabia que eu não ia dar falta de um amigo em meio a outros 700.
Motivo? Nossas opiniões políticas não convergem. Direita x Esquerda e aquela velha história que vocês já sabem. A lágrima que rolou ali em cima é real. Não por ele necessariamente, porque agora vou ter menos foto de comida passando pela minha timeline, mas pelo que a gente se transformou em meio a essa coisa enorme chamada rede social. A falta de capacidade de amar o outro de respeitar as suas diferenças. A amizade é tão frágil quanto um post mal interpretado.
Tempos bons aqueles quando a amizade era via face a face, carta, abraço e café. Agora amizade é medida pela opinião política, pela orientação sexual, pelo time de futebol, pelas curtidas. Se tinha um mal entendido, era necessário resolver. Até porque a gente não contava com o "benefício" de administrar 800 amizades nem durante uma vida inteirinha, o que dirá 24 horas.
É o cafezinho virtual. Eu falo da minha vida, você fala da sua. Te mostro fotos, você também. Mostro minha comida, mas você não come dela. Mostro minhas férias, mas você não foi convidado, mostro meus filhos e você nem sabia que eu estava grávida. Talvez eu tenha contado em um dia que você não estava on line. Você fala do filme que você viu, do seu time, da politica. Falamos das trivialidades todos os dias, mas na verdade, amigo, não nos conhecemos.
É que não contei de como doeu o dia que minha avó morreu. Não te contei que fiquei internada e tive medo, não contei sobre os pânicos que tenho a noite. Eu não te abracei quando você terminou seu namoro. Vi algumas fotos dele e depois passei a não ver mais. Na verdade, amigo, nós não nos conhecemos. É como se estivéssemos presos dentro de um elevador, falando de tudo que não tem profundidade.
Enquanto você gostar do que eu digo, você curte e manda coração, mas se você discordar, então você me expulsa da sua casa, tira a xícara da minha mão e nem posso dar o último gole daquele café frio e sem açúcar que você havia me servido.
Mas a coisa toda é meio burra.
E o pior é o tamanho da estupidez de tudo isso. Excluir alguém se tornou o máximo da revanche, da retaliação. A briga acontece no invisível, no intransponível: é briga virtual. A pessoa se sente uma espécie de semi-deus do elevador ou um ex-BBB com mania de paredão. Você põe o amigo lá na berlinda. Nossa, Como sou machão! A vontade foi de dissipar aquela pessoa da face da Terra. Só que não. Não adianta excluir da rede do Mark, porque ele não inventou a invisilibidade ainda. A pessoa continua viva do outro lado, opinando e pronto. Quer você queira, quer não e se não tiver cafezinho com você, faz falta não. Tem outras 699 xícaras na minha mesa.
Um convite real: Venham me ver aqui em casa. Adoraria abraçar vocês.
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